quarta-feira, 21 de julho de 2010

19/07/2010 – A generosidade vence o egocentrismo



Dionízio do Apodi

Impressionante é como as pessoas de teatro põem desculpas para não assistir aos espetáculos dos outros. Em João Pessoa nos deparamos com várias situações dessas, e a principal desculpa era de que não sabia porque não estava sendo divulgado. Ora bolas, tivemos espaços consideráveis, e de capa, em vários jornais da cidade, spots em rádios, panfletagem pela cidade, e-mails. Neste caso não sei o que fazer para dizer a tais criaturas que houve divulgação, sim. O que acontece é que o povo de teatro é acomodado, e que as desculpas são sempre as mesmas. Sentimos falta de alguns artistas e grupos em nossa plateia. Mas tudo bem, os eventos de rua tiveram uma participação popular muito grande.
Hoje revemos nossos companheiros do grupo Máscara, de Mossoró: Jeyson, Luciana, Tony e Damásio. Junto com eles veio um motorista que é meu amigo de infância, o Ramon Ramirez, que também tem família de Apodi. Foi ótimo vê-los em João Pessoa. Encerramos hoje a nossa passagem por aqui, e amanhã é o Máscara que faz apresentações. Seria bom que Mossoró soubesse desse momento. Fiquei muito feliz pelo encontro, e de saber que o teatro de Mossoró está solto pelo país.
Na plateia hoje não tivemos um grande público, como foram os últimos dois dias. Principalmente porque O Pulo do Gato é um espetáculo que pede um público bem menor. Fizemos o espetáculo no Teatro Lima Penante.
Ao contrário das últimas apresentações que fizemos, onde não gostei, hoje os atores davam gosto de ver. Foi maravilhoso. Os caras atuaram como gente grande, e há muito eu não via uma apresentação deste espetáculo com tanta vibração, energia, e ao mesmo tempo técnica. Digo que sou o maior termômetro deste espetáculo, porque além de ter dirigido, concebido junto com o elenco, vi muitos ensaios e todas as apresentações até aqui. Então, no dia em que me envolvo é porque o negócio foi bom mesmo. E a reação da plateia mostrava isso, também. A plateia vibrava, com exceção de um grupo de teatro que apareceu para assistir, e percebia-se que todos estavam armados, inclusive o seu diretor. Não quiseram colaborar com a produção e passar para as cadeiras da frente, com o objetivo de juntar mais o público (foram os únicos que não fizeram isso), e permaneceram o espetáculo como juízes. No meio do espetáculo o celular do diretor toca, ele se afasta, atende, conversa, e depois volta. Logo após, cada um dos integrantes do grupo vai saindo. Só eles. O diretor fica.
Quero narrar este episódio para entender o porquê, e ajudar a refletir com os outros, porque ainda existe este comportamento em nosso teatro e principalmente com artistas. Após a apresentação, fizemos o debate, como geralmente fazemos depois d´O Pulo do Gato. Foi uma bela troca respeitosa, entre nós e plateia, sobre o espetáculo, até a hora em que o diretor pegou a fala. Engraçado que o cara antes de falar qualquer coisa sobre o espetáculo ´leu um jornal´ sobre o que já fez no teatro, com quem trabalhou, os trinta e tantos anos de estrada, e falou: “isso tudo é para que vocês saibam quem eu sou”. Meu Deus do céu, ainda existe isso? Mas vamos para a frente porque não compensa ficarmos neste ponto.
Foi ótimo rever um casal que acompanhou todas as nossas apresentações em João Pessoa. Generosidade, é essa palavra que o casal teve conosco, ao rodar cada local de João Pessoa nos assistindo. E é sobre generosidade que eu quero encerrar este diário. A generosidade é o respeito que devemos ter um pelo outro. É assim que devemos olhar para as pessoas, com olhos generosos. Nosso mundo hoje vive uma ´guerra´ de consumismos, individualismos, egocentrismos, e tantos ismos, e por isso precisamos de um olhar diferente para com o próximos. E isso não é balela, não é conversa furada. Generosidade! Generosidade! Generosidade!

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