quarta-feira, 31 de março de 2010

29/03/2010 A última de Aracati






Dionízio do Apodi

Segundo e último dia em Aracati. Hoje tudo foi mais cedo, porque o espetáculo será A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró, que é bem mais trabalhoso de montar. Estou feliz por ter descansado um pouco mais que qualquer dia das últimas duas semanas. Acho que dormi umas 11 horas, mas ainda não deu para recuperar. Há muito cansaço acumulado. Mas o trabalho precisa ser feito, e vai ser feito bem.
Hoje pudemos colocar toda a nossa estrutura de luz, porque tivemos o problema de energia elétrica resolvido. Confesso que não gosto nada de ver o elenco inteiro passar horas montando estrutura, e dispor de pouco tempo para uma preparação melhor para os personagens. Mas nossa equipe técnica ainda é muito pequena, e não podemos deixar tudo na mão de poucas pessoas, porque não dá.
Deixamos pouca coisa por fazer no local da apresentação, a mesma praça de ontem, e fomos o elenco para o hotel, nos prepararmos para a apresentação. De volta a praça, tempo para testar microfones, e aos poucos o espaço estava lotado pelo público, que conferiu primeiro uma apresentação de Zelito Coringa, parceiro nosso, que segue viagem pelo Nordeste com o grupo. Foi bom nos prepararmos para o espetáculo ouvindo o Zelito. Lembrou o projeto que fizemos no Rio de Janeiro, onde ele sempre abria as apresentações.
O espetáculo foi bom. Não foi maravilhoso, foi bom. Havia muita meninada na platéia fazendo barulho, mas como os atores estão todos microfonados, isto ajuda muito a driblarmos esta dificuldade. Estou satisfeito com os microfones, que são muito bons. Não temos problemas com eles. Agora é só Camila, responsável pela mesa, aprender a melhor extrair as possibilidades que nosso equipamento tem.
Foi muito bom apresentarmos para o público de hoje, que compareceu em número bem maior que ontem. Ficou muito bonito de ver, e principalmente pessoas que também assistiam nas varandas das casas, e ouviam tudo com precisão devido aos microfones. Viva a tecnologia!
Espetáculo concluído, público querendo adquirir materiais do grupo, tirar fotos com elenco, cumprimentar, chegou a hora de desmontarmos tudo e armazenarmos na van do material. Levamos um tempo bem menor para ajeitarmos tudo, do que na última vez em Mossoró. É a prática.
Foi bom o aprendizado em Aracati. A cidade tem uma rua que é toda conservada, com traços antigos. Me lembrei que em Mossoró, onde moramos, todo o nosso patrimônio é derrubado, sem pena, para construção de novos edifícios. Aqui em Aracati esta burrice ainda não chegou, graças a Deus. A prefeitura daqui sempre apóia produções de cinema que buscam a cidade para filmar neste cenário histórico. Bem, agora é se mandar para Fortaleza, e torcer por uma grande participação popular nas apresentações que acontecerão na praça do Centro Cultural do Banco do Nordeste, local onde já fizemos várias apresentações.

28/03/2010 O Inspetor em Aracati





Dionízio do Apodi

Chegamos em Aracati, Ceará, às 13h deste domingo, almoçamos, e já partimos para a preparação do espetáculo da noite. Não posso dizer que vai ser mais tranqüilo para mim, porque não estou atuando no espetáculo da noite (O Inspetor Geraldo). A gente corre muito do lado de fora também, para montar a estrutura para o espetáculo.
Tivemos que usar uma estrutura pequena de luz (apenas 4 refletores, dos 24 que temos), devido a um pequeno problema com a iluminação na cidade. Mas clareamos o espaço, e montamos a estrutura de som. Antes do espetáculo, Zelito Coringa, que acompanha o projeto, tocou algumas músicas. Havia muitas crianças na platéia, e quando abri a noite, explicando o projeto, percebi que teríamos problema com o barulho. Zelito Coringa também pensou nisso ao começar a cantar, mas quando começou Os Animais têm razão, de Antônio Francisco, toda a platéia era só silêncio. Impressionante é o poder que tem este cordel por si só, e ainda mais com os arranjos de Zelito. O público fica atento, concentrado, concordando com a mensagem da obra.
Depois de Zelito, tudo estava preparado para O Inspetor Geraldo. Gostei. Gostei muito. Assisti da mesa de som, ouvindo o que cada um falava, bem, pelos microfones. Alguns ajustes ainda precisam ser feitos, mas não tivemos grandes problemas. Até a percussão do espetáculo, que é bem barulhenta, ficou num tom muito bom, com os microfones. Os atores tinham preocupação em não gritar nos microfones, mas vez por outra ainda acontecia muito, o que será corrigido com o tempo, com a experiência das apresentações. Os microfones dão um conforto muito bom, mas os atores d´O Inspetor Geraldo estão deixando espaços em branco, em silêncio que não é ação dramática, devido a este conforto, e isto precisa ser corrigido.
Não tivemos o público que esperávamos, mas foi um bom público. As 150 cadeiras que a Prefeitura de Aracati colocou foram preenchidas, e pessoas estavam em pé. Mas ainda estamos felizes pensando na abertura em Mossoró, onde tivemos cadeiras e escadaria do teatro lotadas. Amanhã aguardamos um público bem maior para o outro espetáculo que será A peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró.

27/03/2010 Uma abertura feliz






Dionízio do Apodi

Começa o projeto Rodovia Nordeste de Teatro, d´O Pessoal do Tarará, que tem patrocínio da Fundação Nacional de Artes Cênicas (Funarte), do Ministério da Cultura e Governo Federal. Neste dia 27 de março (Dia Internacional do Teatro) o projeto foi aberto em Mossoró, na Praça do Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, com uma estrutura de palco, luz e som, para a apresentação do espetáculo A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró. Este espetáculo, que sempre foi apresentado dentro do teatro, a partir de agora toma um novo rumo, que é apresentar para públicos maiores, na rua, graças ao Prêmio Funarte de Artes Cênicas Myriam Muniz 2009.

A abertura do projeto aconteceu em Mossoró, cidade natal do grupo, e prossegue até o final de julho, em duas etapas, visitando todos os estados nordestinos com três espetáculos diferentes, na rua (A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró, O Inspetor Geraldo e O Pulo do Gato). As cidades que receberão o projeto, nesta primeira etapa serão as seguintes: Mossoró - RN (que abre e encerra o projeto), Aracati e Fortaleza (CE), Piripiri e Teresina (PI) e Caxias e São Luis (MA). Na segunda etapa, que acontecerá em julho, o grupo passa por Assu e Natal (RN), Sapé e João Pessoa (PB), Igarassu e Recife (PE), União dos Palmares e Maceió (AL), Estância e Aracaju (SE), Camaçari e Salvador (BA), e novamente Mossoró (RN), onde o projeto é encerrado.

O projeto inicialmente seria realizado em um ônibus, mas o que não foi possível por falta de espaço para acomodar todos os materiais dos espetáculos e estruturas de som, palco e luz. Desta forma, o grupo preferiu alugar uma van e um microônibus. Um transporte para os atores e outro, sem bancos, só para o material. Desta forma, começamos o projeto.

Cabe ressaltar a garra de todos os integrantes do grupo, principalmente durante as duas últimas semanas, quando foi necessária uma intensificação em toda a produção do projeto (confecção de banners, folders, camisas, contatos com as cidades, ensaios com a estrutura, capacitação, etc). Rodovia Nordeste de Teatro representa um divisor de águas na história do grupo, não só pelas cidades que serão atingidas, mas pela reorganização do grupo em relação a sua produção. Agora, de cara, o grupo tem estrutura de som, palco e luz, e é necessário um maior aparato humano também, e qualificado. É assim que o grupo inicia este projeto, com 14 pessoas, e possibilidades de aumentar, já que até pouco tempo éramos 8. Não podemos mais investir só no elenco. Agora precisa investir nesta estrutura (manter e aumentar). É um caminho que não tem volta.

Retornando a apresentação de abertura do projeto, na Praça do Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, foi uma alegria muito diferente: estávamos em casa, onde em 2002 começamos de forma pequena, simples, mas cheia de sonhos, e neste dia 27, pudemos perceber o quanto o grupo cresceu nestes sete anos. E o público também percebeu isso. Uma multidão presenciou o espetáculo, e aí vimos como a estrutura de som, com microfones de ponta, pode facilitar o trabalho do teatro para alcançar multidões. É uma outra coisa o que estamos passando.

Pensei que iríamos ter problemas grandes com a inauguração de nossa estrutura, mas não tivemos muitos não. Importante foi a semana de testes que fizemos na Baixinha (nossa comunidade). Mas isto não impediu de eu ter dado um vacilo, fora de cena, ao falar com Madson, com microfone aberto. Captou por um momento, e depois percebi e fiquei morrendo de raiva porque não poderia fazer isso. Mas serve de experiência para não voltar a acontecer.

Ronaldo Costa, nosso maior iluminador do Estado esteve presente dois dias em Mossoró, para nos auxiliar com a estrutura de luz. Foi bom. Ajuda importante. Estamos mais seguros e prontos para aprender com a experiência da estrada, que amanhã, logo cedo se mostra ao nosso grupo. Amanhã já é Aracati, no Ceará, onde passaremos dois dias.

Mas hoje, é só recordar que noite feliz, maravilhosa, com o público.