quinta-feira, 8 de abril de 2010

07/04/2010 - Teresina, terra boa









Dionízio do Apodi

Montamos tudo num tempo muito bom, hoje, para apresentarmos A Peleja do Amor no Coração de Severino, em Teresina, na Praça do Teatro João Paulo II. Teríamos um tempo de duas horas livres até o início do espetáculo, para nos prepararmos (o elenco). Só que a chuva veio e atrapalhou um pouco nossos planos. Fico meio chateado com esta história de chuva, principalmente em Teresina. Parece que ela está nos seguindo. Mas hoje ela só anunciou que estava, mas iria deixar o espetáculo acontecer. A chuva parou, Cássio, Wellington, Assis e Joelson, além de Camila e Alex, resolveram os problemas causados pela chuva, no espaço da apresentação, ao ar livre. Quando chove precisamos correr e cobrir tudo com lonas, porque tem mesas de som e luz, e muito equipamento que pode queimar com o contato com a água.
Zelito Coringa abriu a noite cantando, e dentro do camarim do teatro, ouvíamos a sua música, o que nos anima muito, principalmente porque também sentíamos a reação do público através dos aplausos que eram fortes. Depois do show do Zelito, entramos no espaço, e o público era muito bom. Se ontem tinha gente, hoje tinha mais. E eu esperava isso, mas depois da chuva não fiquei com muita esperança, não. Mas o público de Teresina veio, e foi ótimo. Como gosto de Teresina. O calor deixa as pessoas mais abertas, carinhosas. Acho que deve existir algo assim. Sem contar que Teresina é uma capital com um toque de cidade do interior. As pessoas têm cheiro de gente, mesmo, são mais gentis.
O espetáculo foi bom, com exceção de alguns pequenos deslizes: Rosi que errou feio no pífaro na música do marcha soldado; o suporte do microfone de meu violão quebrou em cena, mas resolvi, e algumas bobagenzinhas. Ao final, muitos aplausos, e a certeza de que Teresina vai continuar sendo passagem d´O Pessoal do Tarará. É muito bom apresentar aqui. Os espaços na mídia são enormes: TVs, rádios, jornais, blogs. O tempo inteiro somos divulgados em algum lugar.
Para concluir, quero postar abaixo, comentário publicado aqui em Teresina sobre o espetáculo que apresentamos ontem, O Inspetor Geraldo, assinado por Maneco Nascimento. Segue o comentário, que nos deixou felizes com a percepção do espetáculo:

Teatro Tarará (I)
O Projeto de Circulação intitula-se "Rodovia Nordeste de Teatro". Foi contemplado com o Prêmio “Myriam Muniz”, através da FUNARTE/MINC. As cidades visitadas, três no Rio Grande do Norte(Mossoró, Assu e Natal), duas na Paraíba(Sapé e João Pessoa), duas no Pernambuco(Igarassu e Recife), duas em Alagoas(União de Palmares e Maceió), duas no Sergipe(Estância e Aracajú), duas na Bahia(Camaçari e Salvador), duas no Ceará(Aracati e Fortaleza), duas no Piauí(Piripiri e Teresina) e duas no Maranhão(Caxias e São Luis).
A proeza, a transformação prática do teatro de qualidade, representada numa releitura de obras e autores canônicos. A Cia., Grupo de Teatro O Pessoal do Tarará, de Mossoró, Rio Grande do Norte. Criado em novembro de 2002, O Pessoal do Tarará é todo prosa e poesia em pura magia cênica, repaginando arte apaixonante, ousadia apaixonada e profissionalismo concentrado.
No dia 06 de abril de 2010, na Praça Aberta do Teatro Municipal João Paulo II, às 20 horas, o público pode deleitar-se com o espetáculo “O Inspetor Geraldo”, livre adaptação da peça “O Inspetor Geral”, de Nicolai Gogol. Obra de humor crítico, do contexto russo, adaptada com inteligência para as referências naturais do brasilismo bufão.
Com Direção refinada de Dionízio do Apodi e Assistência de Direção, de Alex Peteka, a montagem é puro equilíbrio em aritmética distribuída entre o mágico, a razão aristotélica dramática e o novíssimo teatro com influências preciosas da “comèdie d’ellarte”, atribuídas do centro do furacão lúdico para os sítios populares.
Os figurinos, de João Marcelino, saltam aos olhos. Têm a leveza das cores e gosto do simples e do pop, com elementos tradicionais ao pomposo da burocracia dos gabinetes. Transita com toda liberdade entre o falso sério da política e o picaresco das ruas e cozinhas, com comezinha dignidade criadora. Veste muito bem o ator e acompanha a agilidade deste em dinâmica do farsesco em sutil apropriação da técnica e movimento do corpo lingüístico.
A maquiagem também assinada por João Marcelino é mais uma composição bem assentada para o artista transformado em peça viva do jogo cênico variante entre Gogol e O Pessoal do Tarará. Completa como segunda pele a pele já bastante expressionista da construção das personagens.
É um Gogol de placar. O teatro popular com requintes de jogo sempre vitorioso, “O Inspetor Geraldo” reúne os atores Maxson Ariton(Geraldo/Bobimar), Madson Ney(Prefeito), Antonio Marcos(Chefe da Comunicação), Alex Peteka(Maria Antonia) e a atriz Ludmila Albuquerque(Ana Carijó/Hoteleira).
Nunca se viu tanta competência e energia concentrada em mesmo universo conspirador. Elenco de primeira, sem desdém ou canastrice. Teatro de pura felicidade representada na profissão e essência cênica decantada na melhor expressão do teatro brasileiro.
As malas mágicas(cenário) de onde saem os figurinos e adereços revelam o teatro para as favelas, ruas, salas ou câmaras de qualquer casa de espetáculos, mas principalmente revelam para os palcos nacionais maestria, talento e dignidade, demonstradas pel'O Pessoal do Tarará, à arte do bom representar.
Maneco Nascimento: ator de teatro há 30 anos e radialista profissional há 19 anos, atualmente é estudante de comunicação social - jornalismo pela UFPI. Formado em Letras/Português pela UESPI desde 2005, tem desenvolvido a prática de escrever crônicas da cidade e comentários sobre montagens, espetáculos e estréias na área das artes cênicas. Gosta de produção de textos por isso dedica-se a produzi-los e levá-los a público como uma forma de valorizar e brincar com o mundo das palavras compartilhado com outras pessoas. Já teve passagem, escrevendo artigos, pelos jornais O DIA, Meio Norte e Diário do Povo.

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